quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Punta del Este - a Miami Uruguaia - 22 de janeiro

Quando pensava que passaria mais um dia sem muita coisa para fazer, sobretudo porque estava cansado dos dias anteriores, já tinha conhecido o que esperava conhecer em Montevidéo... os três brasileiros que estavam no quarto me chamam para ir até Punta del Este com eles e um casal de irmaos que também estavam no hostel.
Pensei pensei... ate que resolvi acompanhá-los. Seria uma forma de interagir com outras pessoas, seria uma forma de brincar e me divertir um pouco na minha própria língua.
Perto de 10h, saímos Heri, Cris e eu, de ônibus, enquanto Conrado, Albertino e Yuri pegaram um táxi do hostel até a rodoviária. Todos levavam suas bagagens, embora somente Cris e Henri fossem registrar sua entrada em um hostel. Os demais iriam deixar suas mochilas em algum lugar e passariam a noite vagando até às 5h30min da manha do outro dia, horário em que voltariam para Montevidéo e, em seguida, sairiam para Colônia e, daí, para Buenos Aires.
Durante toda a viagem de ônibus Henri e eu conversamos, enquanto todos os outros dormiam. Eram vários temas ligados ao nosso dia-a-dia, as nossas formas de vida... até que chegamos ao tema das Fundaçoes de Amparo em Universidades Públicas.
Henri, estudante de Administraçao, defendia a sua existência como forma de garantir a estrutura dos cursos e de aprimorar a qualidade do ensino, embora reconhecesse que isso é mais difícil para os cursos das áeras humanas e que seria importante que os governos federal e estadual (no caso da USP, onde estuda), promover maior aporte de recursos, de modo que nao fosse necessário haver fundaçoes.
Eu, por outro lado, argumentava que as fundaçoes sao uma forma sutil de privatizaçao das universidades, que a manutençao dos cursos através de empresas determinava a formaçao pouco crìtica dos estudantes e profissionais, que os cursos de maior "rentabilidade" se esquivam de lutar pela universidade pública, gratuita, voltada para os interesses públicos...
E, mais ainda, argumentei que as fundaçoes usam o nome da universidade, cobram altos valores por cursos promovidos e nao devolvem nada para as Universidades, principalmente em termos materiais.
Enquanto nos empenhávamos nesta conversa, chegamos ao nosso destino Punta del Este.
Da rodoviária, fomos procurar um lugar para que Cris e Henri pudessem ficar e os meninos pudessem deixar suas mochilas até o outro dia. Em seguida, como precisava de uma boa alimentaçao, insisti na necessidade de procurar um ugar para comer, barato e de boa qualidade.
Sob o efeito de ter econtrado uma boa salada, com preos muito mais baixos que em Montevideo, comprei logo no primeiro lugar em que cheguei. Os meninos, mais espertos e muito cheios de malandragem, tentam baixar o preço do que gostariam de comer, e, tentativas em vao, foram para outro lugar.
Quando chegamos aí, era tudo ainda mais barato. Ah, como me arrependi!!!
Pelo menos, pue complementar minha salada com outras coisas.
Devidamente alimentados, depois de Henri insinuar para uma senhora uruguaia que precisava de casa por milhares de vezes e de sorrirmos muito com tudo o que acontecia, inclusive das compreensoes equivocadas que elas faziam do que Henri e os meninos falavam, fomos para a praia.
Sob muitos apelidos que íamos nos dando, caminhávamos e ríamos sem parar.
A mim, me chamavam de Profeta, de Jesus Cristo, de Che Guevara, Argentino... era muito engraçado e en cantador estar com aquelas pessoas naquele dia.
Era igualmente encantador ver a uniao, o carinho e o respeito que Cris e Henri nutriam um pelo outro. Eram irmaos incrivelmente unidos.
Mais tade na praia tirávamos fotos juntos, caminhávamos, conversávamos...
Até que os meninos, depois de uma caminhada que fiz com Albertino e Yuri em que falávamos sobre o direito, sobre o comportamento dos juízes diante de certos casos, resolveram jogar futebol. Eles que já tinham batido a Argentina no dia anterior por 12 a 11, queriam um novo jogo.
Desse vez, foi um 12 a 4 e um elogio no final de "os brasileiros jogam bonito". Os meninos e Cris, também fanática por futebol e que brincava como uma criança no meio de tantas outras na praia, eram só alegria e comentários do jogo.
No fim da tarde, ao sair da praia, resolvemos passar no supermercado e ir para a rodoviária. No caminho, entretanto, vi uma linda paisagem e tive vontade de conhecer o lugar. Era a praia do outro lado da península de Punta del Este. Era linda, com um pôr-do-sol impressionante, com um pier, com uma passarela de madeira, uma ilha ao fundo...
E, apesar de parecer com Miami, tinha, muito próximo, uns jardins com flores coloridas, lugar em que pedi para que Cris, com a sua beleza, ao mesmo tempo angelical e selvagem, posasse para umas fotos.
Sob brincadeiras e piadas, tirei várias fotos da linda morena dos olhos verdes e, em seguida, fomos para a rodoviária.
Enquanto esperávamos, mais brincadeiras, músicas e algazarra. Cris puxava o coro e, na despedida, gritavam: - vai profeta, vai Jesus Cristo. E, eu, morto de vergonha, tentava fazer de conta que nada daquilo estava acontecendo, embora estivesse, igualmente, feliz pela demonstraçao de carinho.
Às 21h, com o céu ainda avermelhado, tomei o ônibus para Montevidéo e, nas duas horas seguintes, além do cochilo, vim contemplando a lua cheia. Sua beleza era o presente por aquele dia e sua plenitude era o retrato de como me sentia naquele instante.
Perto de 23h20min. cheguei no hostel, organizei minhas coisas, falei com Lis sobre Salvador, sobre a casa de Paulo, dei os telefones dele para ela, tomei um banho e fui dormir.
Queria estar tranqüilo para viajar bem cedo no outro dia.

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