domingo, 6 de janeiro de 2008

Nao sabia como aproveitar o úlitmo dia em Córdoba

Acordei pela manha e tinha que organizar tudo para registrar rapidamente a saída, sob pena de ter que pagar mais pelo hostel. Fiz isso e fui tomar café e escrever um pouco. Acho que nos últimos tempos tenho ficado viciado em escrever e necessito disso para me sentir bem, para saber que pude refletir sobre tudo o que passei.
Enquanto escrevia, chegou Ceci com minha toalha e me pergunta o que merece por have-la encontrado. Dei-lhe um beijo, mas nao sei se sentiu muito bem. Parece que as pessoas de Córdoba nao sao tao abertas como em outras partes da Argentina em que estive, inclusive, agora, quando falava com outros Argentinos que encontrei aqui em Salta, eles disseram que os corodobeses sao um problema para toda Argentina. Nao sei se isso é verdade, porque encontrei pessoas muito simpáticas, mas, de fato, nao encontrei pessoas tao interessantes no hostel.
Fiquei com uma impressao ainda pior depois da conversa que tive na noite de sexta-feira com as pessoas do hostel sobre a relaçao Brasil e Argentina, tinha ficado muito mal.
Por isso, tb nao sabia muito o que fazer durante todo o dia. Era como se quisesse voltar pra minha casa no Brasil, ao saber que os argentinos no "odeiam", como afirmaram Claudia, seu marido e Mauricio.
Mas, resolvi conhecer "Villa Carlos Paz", que todos disseram se tratar de uma cidade bonita.
Meu animo nao estava bem, nao podia andar, como faço todos os dias e nao queria mais nada. Mas, nao podia deixar de conhecer. Tinha me desolcado 45 min. para conhecer o lugar e nao podia deixar de conhecer.
Peguei um onibus local e comecei rodar pela cidade, durante uma hora e meia. Depois que passei pelos principais locais, fui para a rodoviária e peguei o onibus para Córdoba-capital.
Enquanto viajava ia refeltindo sobre como o meu encantamento pela Argentina estava se perdendo e como nao conseguia lidar com isso. Tinha medo de que se passasse o mesmo que me passou com os soteropolitanos, de modo geral.
Explico.
Tinha uma paixao muito forte por Salvador e por sua gente. Pensava que aquela espontaneidade contagiante era maravilhosa, que as pessoas eram muito abertas e muito cativantes... mas, depois de inúmeras decepçoes, sobretudo por acreditar que o que se expressava era real, fui percebendo que toda aquela forma de ser era muito mais aparencia do que sentimento verdadeiro, que muitas pessoas carregavam uma máscara. Uma vez rompida essa máscara, era possível relativizar aquela forma de atuar.
Espero que isso nao aconteça com a Argentina e com os Argentinos. Porque sinto muito prazer em estar aqui e na forma como eles nos recebem aos brasileiros, como falam sobre o Brasil e como nos mostra sua Argentina.
Bom, mas foi com estes pensamentos que passei todo o dia. Voltei a capital e continuei com a sensaçao de perda, de decepçao. Cheguei no hostel com vontade de ir, mas tentei interagir e superar o que sentia.
De alguma forma, percebia que Laura, a menina que trabalha aí, estava também muito fria. Falava de forma muito séria, como se estivesse louca para que eu me fosse...
Comi e, quando pedi uma toalha para tomar banho, me cobrou 5 pesos pelo banho. Segundo ela, era uma política devido a alta temporada que se havia iniciado por aqueles dias. Retruquei. Disse-lhe que nunca tinha passado por isso. Que, normalmente, as pessoas deixavam aqueles que se hospedaram no local tomar banho quando, mesmo tendo feito o check in pela manha, tinham viagem marcada para a tarde ou noite.
Ela nao titubeou. Exigiu os cinco pesos ou nada de banho, mesmo depois do transtorno de desaparecerem com a minha toalha, devolve-la suja, de me chatearem com esta coisa de brasileiro e argentino...
Bom, paguei os cinco pesos, tomei um banho e me fui. Na saída, ela veio falar comigo e desejar boa viagem. Recebi os cumprimentos, mas nao acreditei muito.
Em seguida, caminhei quase uma hora, com um peso terrível nas costas, até a rodoviária. Tinha onibus para Salta as 20h45min.
Na rodoviária, fiquei lendo, cortei as unhas e troquei dinheiro em moedas para dar de gorjeta aos homens que colocam e tiram as malas dos onibus. Aqui há uma cultura da gorjeta. Se a gente nao dá, eles ficam muito irritados.
No momento em que iria colocar minhas malas, achei 10 pesos. Neste momento, me senti um sortudo e pensei: isso é para compensar o que paguei pelo banho.
Rapidamente, me abaixei, com todo o peso, e apanhei a nota que estava no chao.
Durante a viagem, tentei uma conversa com uma menina que estava atrás, mas como era de Israel e só falava ingles, a conversa ficou obstada. Fui dormir.
Enquanto dormia, abri um pouco os olhos para mudar de posiçao e, sem querer, olhei o céu. Estava tao bonito quanto o que via em Foz do Iguaçu. Se podia ver um monte de estrelas, um céu inteiro pra se falar a verdade... era lindo. Por isso, lutava contra o sono pra ficar olhando.
Problema foi depois. Tentei dormir, mas nao tinha mais sono.
Pensei, pensei... e acabei dormindo.

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