quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Minha última tarde em Buenos Aires...

Depois de uma manha, de novo, caminhando pela cidade, agora para comprar passagens para San Martín de los Andes, voltei ao hostel. Aí estava na rececpçao Nacho, Rob (um australiano muito engraçado) e Owen (o canadense fanfarrao de quem sempre falo).
Rob e Owen estavam bebendo e coversando e, quando cheguei, Owen me chamou, me ofereceu uma bebida e, como sabia que nao iria aceitar, ficou brincando comigo porque sou vegetariano, por nao beber e por caminhar todos os dias pela cidade.
Em seguida, chegaram uns franceses e ele lhe disse que eu falava francês. Um dos três se aproximou e começou a conversar comigo. Perguntou-me se havia estado na França, se já havia tido um contato mais profundo com a língua. Disse-lhe que nao, que meu aprendizado tinha sido na Aliança Francesa em Aracaju. Ficou impressionado com a forma como falo francês, sem sotaque brasileiro (segundo ele, nunca tinha visto nenhum brasileiro falar francês dessa forma) e me chamou para sair com seu grupo e poder praticar um pouco.
Como eu teria que arrumar minhas coisas, além de querer ficar mais tempo no hostel para aproveitar mais do lugar e fazer, como que um desligamento, decidi nao ir. Por outro lado, era também o último dia de Fernando em Buenos Aires e Leandro havia chamado todos os brasileiros para um almoço em conjunto.
Acabamos indo os três, porque Vinícius e Roberto (ambos do Rio de Janeiro, nao foram). Além disso, senti que o que Leandro queria era estar perto das pessoas do seu país. Estava fora havia três meses, e essa era a forma de reencontrar consigo mesmo.
Na ida para o restaurante, me dei conta de que na esquina da rua onde iríamos comer, havia uma estátua de Quixote em um cavalo. Fiquei com muita vontade de tirar uma foto do monumento para ilustrar meu blog, mas deixei isso para a volta. Já passava das duas da tarde, os meninos estavam com fome e eu também.
Bom, almoçamos, brincamos, conversamos sobre os dias passados...
Na volta, paramos, tirei as fotos e voltamos até o hostel, onde Rob e Owen ainda estavam bebendo e Nacho morrendo de rir. Fiquei por aí pela recepçao.
O clima estava muito bom e achei que precisava registrar aquele momento. Organizei a câmera e começamos a tirar fotos. Até Nacho, que é Argentino, tirou fotos com a bandeira brasileira.
Em algum momento, me dei conta de que precisava subir para organizar minha mochila, o que fiz em meia hora para voltar para a brincadeira. Owen, que passou todos os dias e, mais precisamente, esta terça-feira, me desafiando a falar inglês, estava mais “alegre”. Quase se embaralhava nas palavras.
Rob, que falava comigo como se fosse um nativo australiano, começou a me contar de suas aventuras por dois meses no Brasil e, em seguida, me pediu para ensinar-lhe como se falavam as partes do corpo em espanhol. Com uma caneta pilot, tratou de escrever em si mesmo, “muñeca”, “mano”, “dedo”, “codo”, “ombro”, “pierna”, “rodilla”, “tobillo”, “brazo”... quando lhe pedimos para escrever na testa “frente”, sua resposta foi a melhor: - aí, eu nao posso ver.
Todo mundo, de fala inglesa, que chegava, ele mostrava as partes do corpo e repetia as palavras. Era muito engraçado! E, claro, todos queriam saber se havia escrito algo na bunda também. Mas, ele dizia: - se tivesse que escrever algo, escreveria na “pistola”, como os argentinos chamam a pinta.
À parte a brincadeira, estava sempre atento para ver quando ficava vago o computador. Precisava ter a certeza, depois de ter enviado e-mails a Mónica, de que ela me pegaria na rodoviária em San Martín. De repente, quando estava olhando os correios eletrônicos, percibi que Dieter (um amigo norte-americano que se casou com Verónica, colega do mestrado em Direitos da Criança e do Adolescente) me havia enviado um e-mail. Segundo ele, estaria chegando na Argentina de supresa para batizar sua filha Sofia. Sua permanência seria de três dias. Mas, queriam me ver.
Tentei ligar para o número que indicou como da casa da familia de Verónica, mas a chamada nao se completava. Envei um novo e-mail e pedi número correto. Mas, Dieter nao me respondeu.
Enquanto estava tentando falar com Dieter, ao mesmo tempo, coversando com Ana (minha amiga de Salvador) e Vanessa (de Aracaju), pelo MSN, Nir veio se despedir de mim, porque precisaria sair rapidamente para resolver coisas suas no centro. Esse momento, foi difícil. Sabia que tinha que me apartar das pessoas com quem mais tinha afinidade. Logo logo seria com Nick e com Henrietta.
Mas, enquanto isso, fiquei por ali pela recepçao, brincando com Nacho, Rob e Owen. Tudo era engraçado demais.
Em certo momento, Owen estava tao bêbado que nao tinha controle sobre seus movimentos. Virou um copo de rum com coca-cola por cima de Rob e, sem graça, foi buscar um papel higiênico para limpar o chao. O problema disso tudp é que mal conseguia se agachar. Imagine um bêbado nesta tarefa…
Já era por volta de 17h quando subi para tomar um banho, fechar o mochila e descer para fazer o check out. Quando voltei, Owen estava com a camisa de Rob e vice-versa. Segundo Rob, a partir daquele dia, no Clan Hostel, estava marcada a terça-feira das trocas de camisas. E, sempre deveria acontecer às 17h30min.
Todos que chegavam eram incentivados a fazer trocas. De repente, Owen propôs a troca da camisa que Rob lhe havia presenteado com um Argentino. Mas, nesse momento, as trocas se acabaram para Owen. É deu uma camisa com motivos de capoeira, em perfeito estado, e recebeu uma rasgada. Evidentemente, ninguém iria querer uma camisa rasgada.
Eu olhava para aquilo tudo e já me dava saudade. Eu sabia que ninguém iria permanecer ali por muito tempo, mas, de qualquer modo, me dava saudade… das pessoas, das vivências, das brincadeiras, dos encontros que tinha tido ali. Às 19h, comecei a me despedir das pessoas e do hostel. E, quando descia as escadas, uma surpresa, as pessoas gritavam desejando uma boa viagem, desejavam que meus projetos se realizassem, batiam palmas. Fiquei muito emocionado, queria ficar, mas sabia que tinha que ir.
Ainda na escadaria, encontrei Érica, que me disse que seu visto para Inglaterra tinha sido aprovado. Comemoramos isso e nos despedimos calorosamente. Ao final, ela me desejou sorte na viagem para que encontrasse o que buscava.
Caminhei por alguns metros com a cabeça em tudo o que tinha passado naqueles dias… peguei o metrô e fui até a rodoviária pensando, apesar de cansado, com dor nas costas, de carregar as mochilas. Neste momento, a avenida de Mayo era pequena para os meus pensamentos.

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