segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Preciso andar um caminho só...

Depois de alguns dias caminhando por Buenos Aires, estava muito cansado. Entao, acordei e fiquei boiando no hostel. Na verdade, eu queria saber o que Nir, Henrietta e Nick iriam fazer. Mas, quando vi que Henrietta iria para a calle Florida fazer compras, Nick iria comprar suas passagens para Ushuaia e Nir iria pular de para-quédas, resolvi sair.

Minha vontade era de caminhar sem um rumo certo, mas sem ir tao longe do hostel. Quando saí a Avenida de Mayo, achei que podia ser interessante ver novamente a Plaza de Mayo. Reencontrar a praca que vi em outubro de 2005.

Como é normal para um praca de uma capital federal, havia um protesto. Era organizado por pessoas dos bairros dos arredores de Buenos Aires, reivindicando melhores condicoes de vida.

Quando tirava fotos desse protesto, meu filme acabou e pensei que eram as pilhas que tinham se acabado. Resultado, caminhei por meia hora na Av. Corrientes para chegar até uma loja especializada em fotografia. Quando chego lá, coloco as pilhas e nao funciona.... pensei que minha camera tinha quebrado. Era só o que me faltava!

Resolvi abrir a caixa preta e o filme é que tinha acabado. Ainda bem!

Rapidamente, tratei de recuperar as pilhas que havia pedido para que a atendente jogasse fora. Imagine, só uma pilha custa, no Brasil, R$ 19,00!

Bom, lá vou eu caminhar de novo. Retorno a Praca de Mayo e vejo que a praca tem policiais com vestimenta de combate. Estilo polícia de choque. Fiquei com muita vontade de fotografá-los. Provavelmente era por causa do protesto. era preciso mante-lo distante da casa Rosada.

Disfarcei um pouco, tirei umas fotos das pessoas aproveitando a praca e , com uma lente de 300mm, consegui tirar uma fotoda polícia de choque.

Depois, caminhei até Puerto Madero. Já passavam das duas horas e queria comer alguma coisa (o pior é que Puerto Madero é o lugar mais caro de Buenos Aires). Bom, iria ver os precos e, se desse, comeria algo.

Mais adiante, encontrei uma pequena venda em que havia comida para vegetarianos. Comprei umas coisas e fui comer na beira de uns diques que existem aí.

Na volta, via pessoas nos jardins das pracas. Um casal, se amava com uma intensa naturalidade sob a sombra de uma árvore. Novamente com a camera, tirei fotos de sua entrega um ao outro. Mas adiante, havia duas pessoas dormindo debaixo de uma outra árvore. O contraste estava instalado! Nesse caso, nao era opcao. Parecia nao terem para onde ir. Também registrei esta visao.

No caminho o Hostel, me seduzi um instante pelo transito, pelas businas dos carros... era tudo normal. Buenos Aires estava viva e nao só para os turistas. Isso me faz caminhar melhor por todos os lugares em que os próprios argentinos lancam suas vidas.

Quando voltei ao Hostel, comecei a falar com Lídia, com Ize e com Carlinha. No caso desta última, me surpreendeu o fato de dizer que estava vivendo uma fase "eu", ou seja, uma fase Betinho.

Segundo ela, era importante saber como era estar lúcida o tempo todo. Eu também nao sei o que é estar lúcido o tempo todo. Estou sempre inebriado com as coisas que a vida me proporciona... além disso, lucidez lucidez mesmo, assim como neutralidade no olhar, ninguém pode ter. O que vejo, já está contaminhado pelo modo como vivencio o que vejo ou como aprendi a vivenciar o que vejo. E, isso nao é ruim. Mas, apenas uma forma de olhar sem que o uso de certas substancias pode provocar. Talvez, ficar sem usar algumas coisas é apenas uma forma de se permitir embriagar com sua imaginacao, com os sentimentos que afloram de dentro de si mesmo.

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