quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

A véspera...

Até parece que nunca encontrei o novo na vida. Até parece que nunca enfrentei novas aventuras, que nunca me deixei absorver por transformações importantes de lugar e de tempo. Foi assim quando a vida me levou à Espanha; foi assim quando me levou a Foz, pra Argentina, pela primeira vez, e pra João Pessoa.
Imagino que deve ser assim que os atores e as atrizes, os cantores e as cantoras, quando entram em cena. Sempre parece a primeira vez.
Entrar "em cena" no mundo da vida; deixar-nos ser tomados pela aventura que é viver; encontrar-nos com o novo todos os dias, sem deixar que o cotidiano se faça igual sempre... é igualmente empolgante e cheio de insegurança. Isso porque sabemos que viver é impreciso.

Se lembrarmos Camões, sob outro olhar, evidentemente, vamos entender que se "navegar é preciso, viver não é preciso". Tenho até um poemeto sobre esta interpretação da fala do português:

Navegar é preciso

viver não é preciso

não calculo a vida

como somo, divido,

nem imagino abstratamente

em, igual, diminuição

ou através dos números que multiplico...

Nenhuma certeza tenho

Enquanto leio cartas,

Mesmo aquelas que, qual as de navegação,

Me apontam conselhos

Por onde rumar “meu barco”.

Se tenho o leme nas mãos,

Ainda assim, não o comando completamente

Esse barco está posto num fluido de que ele mesmo se faz

Seu caminho não é o oceano aberto e azul,

Por mais que não se perca de todo a comparação.

É feito de um ser que nem sabe se é pra sempre,

Se descobre enquanto se abre, na incerta forma de ser que está sendo.

Se navegar é preciso,

Viver não é nada preciso,

Porém, seja preciso viver,

Seja preciso saber que não dá, pra simplesmente viver...



Bom, mas se falo da véspera do deslocamento físico, imagino que é preciso dizer como me sinto agora... é um frio na barriga...

Passei o dia com a cabeça plena, com idéias confusas, até porque penso muito, mas não sei me concentrar no que penso. De igual modo, sonho com as pessoas que "vou" ver, que vou (re)conhecer, imagino como são, quem são...

Mas, o que me deixa mais ansioso é que a viagem começa às quatro da manhã. E, pra isso, preciso estar no aeroporto às 2h. Isso, aliado a tantas perguntas que me vêm à mente, só me faz concentrar em uma única pergunta: devo dormir ou me manter acordado até a hora de ir?

De qualquer modo, minha sensação é a de que preciso estar com que mais amo. Talvez, esta seria a forma de concentrar mais energia pra seguir, pra fazer o que suponho precisar fazer agora: encontrar pessoas. Ao mesmo tempo, estar com as pessoas me faz ter medo de ficar longe, de sentir saudade, de me sentir só neste percurso.

Quanto a isso, lembro que já passei por isso antes, algumas vezes, e que foi bom seguir rumos sem a companhia física das pessoas. Além de encontrar mais segurança pra seguir os caminhos que a vida me leva a fazer, sei que não preciso ter as pessoas ao lado, porque todos aqueles e aquelas que me direcionaram o olhar estão dentro de mim. Suas marcas estão em minhas marcas.

Isso me permite dizer: eu vou. Amanhã, às 10h da manhã chego a Buenos Aires.

Um comentário:

Menina dos olhos dágua disse...

então, espero que já tenha chegado e que esteja td bem!
boa sorte nessa sua andança!
vai com Deus!!!

lembra o texto que te falei?o de opressões? tá no meu bolg..

tira bastantes fts e vai postando aki tb tah? sei q vc deve voltar c fts sensacionais!!!

aproveite ao máximo!
milhões de beijos dessa sua amiga

Ize