O que dizem as pessoas...

Ontem, por alguns momentos me passou que nao estava no lugar certo para o propósito que tenho com esta viagem... via pessoas de todo o mundo falando de coisas turísticas, de passeios... e, isso vai ser incluído no próprio fato de conhecer pessoas ou, talvez, de caminhar pela cidade para conhecer pessoas.

Mas,em seguida, apesar de nao falar inglês, língua oficial em hostéis, comecei a perceber que, à semelhanca do que faco por aqui, as pessoas estao em busca de encontros. Nao sei exatemente que encontro, porque nao sei se estao conscientes disso, mas todas buscam encontrar, pelo menos o calor da América Latina. Ontem, era unânime entre Finlandeses, Canadenses, Ingleses, Holandeses, Alemaes, Noruegueses e de outras nacionalidades européias, que era preciso fugir do frio de seus países e encontrar as cores.

Isso me fez pensar se eles também nao estao a buscar o calor da pessoas (seja de forma for)... sim, porque na Argentina, as pessoas, apesar da semelhanca de colonizacao com o sul do Brasil, nao têm tanta semelhanca na forma de portar. Nas ruas, é possível ver pessoas com as fisionomias alegres, abertas, pessoas prontas a ajudar quem chega. É impressionante como se tem gosto em dar informacoes, em conversar com as pessoas por aqui.

Fui ao supermercado ontem comprar algumas coisas e vi que uma senhora fazia compras com seu neto. Ela, já, aparentemente, um pouco mais velha, ficava meio perdida entre as gôndolas. Em um momento, vi que o que buscava já tinha visto em outro lugar e lhe disse. Qual foi a minha surpresa que ela nao simplesmente agradeceu, ela me disse: "encantada, eso es muy amable". E, me deixou pensando em como, aqui, as pessoas (algumas delas, evidentemente) reconhecem o valor de um simples gesto. Veja que nao esperava nada por isso, mas ela fez questao de ser muito muito gentil.

Quando voltei do supermercado, vi uns autralianos, canadenses, alemaes, israelenses, holandeses e argentinos conversando. No meio deles, havia Érica, da província de Salta (Arg). Em um momento, ela comecou a falar comigo sobre a cultura dos povos e da Argentina. Agora, está construindo uma casa na África, onde vive faz 4 anos.

No instante em que lhe falei do meu propósito aqui, a primeira coisa que me disse foi: "te voy a presentar un chico que trabaja acá. Él ha pasado mucho tiempo recorriendo algunas partes de América Latina y te puede ayudar. Pero, si quieres conocer a la gente, te vas al norte o, a lo mejor, cuándo pasar por el norte, te podrás percibir que la gente está abierta. Ahí están los indígenas, al igual que en Bolívia y al resto de América Latina."

Falamos de tudo um pouco. Talvez, seja Érica um encontro importante, que pode me ajudar com informacoes e com a presenca de outras pessoas. Porém, se nao for, só aquele momento já é muito importante para sentir forcas para seguir o caminho.

Também ontem conheci quatro brasileiros que estao por aqui passeando. Dois deles, pude ter mais aproximacao. O primeiro deles é de Recife, Fernando, e o outro é de Sao Paulo, acho que seu nome é Leandro. Este último veio trabalhar aqui com um emprego certo, mas seus documentos nao saíram a tempo e ficou no hostel em que estou. Agora, trabalha aqui e nao pensa em voltar para o Brasil tao cedo.

Depois, consegui entrar na internet e falar com Horacio Pardales, daqui de Buenos Aires. Nos havíamos, ele, sua esposa e filho, conhecido em Aracaju, no torneio de handbol que aconteceu no ano passado. Como havia lhe perguntado se lembrava de mim, ele me respondeu: "cómo no, Humberto que no hizo pasar muy lindo en Aracaju?"

Hoje, vou ligar para ele. Vou ver se consigo encontar pessoas daqui mesmo e falar sobre coisas que nao se diz em hostéis.

Bom, esta foi a primeira experiência do primeiro dia. Encontro pessoas e lugares e sinto o que elas têm para dizer. A palavra está franqueada para o mundo, sobretudo, para o mundo latino americano ou na relacao com o mundo latino americano. Ele está falando. Olhos e ouvidos atentos para o que diz...