sábado, 22 de dezembro de 2007

Uma tarde em Bariloche

Nao sei porque as pessoas falam tanto de Bariloche, inclusive na Argentina. Todo mundo parece sonhar em conhecer esta cidade que, a parte a vista, nao vi nada demais.
Evidentemente, quem tem dinheiro pode aproveitar mais coisas: grandes e caras boates, restaurantes finos, passeios de aventura ou sem tanta aventura assim...
É um lugar turístico cuja única parte da cidade interessante pra se conhecer é o centro cívico, que mais parece com aquelas casinhas do exército playmobil. Acho até que tiraram daqui o modelo para aquele brinquedo... isso se os americanos nao tivessem fundado o modelo exploratório para "combater" (ou melhor, destrocar) os índios do oeste. Aqui é a mesma coisa.
Durante toda a tarde caminhei... buscava algo que pudesse ver sem precisar pagar, onde eu pudesse encontrar pessoas pra conversar... nao encontrei nada mais que lugares para turistas. Nem se pode saber quem é mesmo daqui.
Onibus e mais onibus deixam pessoas pelas ruas. Os jovens de Buenos Aires em férias, caminham em grupos grandes, todo o tempo cantando... isso é bonito de ver.
Agora sei porque nos jogos de futebol eles nao param de cantar. Parece que eles cantam sempre quando estao em grupo.
Bom, depois de muito sol na cabeca, resolvi voltar para o hostel. Aliás, é a primeira vez, fora quando estive na Espanha, que estive em um hostel tao organizado, onde nao se permite o barulho, com lecol de qualidade, um colcha limpinha, banheiro limpo...
Normalmente, a rotatividade é tao grande que nao dá pra ser tao organizado, eu achava. Agora, sei que isso é uma questao de prioridade e respeito.
Las Moiras é o nome. Fica na calle Reconquista, pertinho do centro cívico.
Depois que voltei para o hostel, fiquei meio que rodando sem saber o que fazer. Foi quando Gabriel, o menino do Canadá, me chamou para um passeio. Isso foi bom para aprender ingles. Ficamos um tempo caminhando. Fomos a catedral, a uma parte do lago Nahuel Huapi. A paisagem estava muito linda com o final da tarde. Resolvemos voltar para o hostel para pega nossas cameras. De um lado, a lua, quase cheia, saía de umas montanhas amareladas pelo sol, de outro, o sol, com o vapor frio das montanhas nevadas, dava uma cor que mesclava um laranja com o azul do céu e da água.
Fora isso, me chamou atencao a quantidade de casais que namoravam aí, na borda do lago. As demonstracoes de carinho eram muito bonitas e, algumas exageradas. Em um momento, percebi que os estrangeiros se assustam um pouco com isso. Os estrangeiros do norte, porque nós do Brasil e de outras da América Latina já estamos acostumados com isso, eu acho.
Quando saímos daí, ficamos caminhando pelas únicas duas ruas movimentadas de Bariloche. Havia muita gente aí. A temperatura comecava a baixar. Eu nao queria ficar em lugares com tantos turistas e, Gabriel queria comer.
Bem perto do Centro Cívico e do Hostel, havia um "pub" que nao tinha tanta gente e oferecia comida. Ficamos por aí um tempo e depois voltamos para o hostel.
Ficamos conversando Gabriel, um casal de japoneses e eu. Eles iriam para uma boate a noite, me convidaram, mas nao quis ir. Meus motivos sao outros com esta viagem. Por isso, precisava dormir para sair para o Chile hoje.
As dez e pouco tomei a companhia do único livro que toruxe, "Os condenados da Terra", de Frantz Fanon. Li algumas páginas, refleti um pouco sobre o dia e fui dormir.
A cabeca nao sabia em que língua pensar. Era como se, no lugar das palavras, viessem figuras, de tanto que fui exigido em outras línguas. Essa é uma indicacao de que o nosso cérebro pode se programar e se programar com muita facilidade pra encontrar o novo. É uma prova que nao devemos temer novas experiencias, porque as respostas aparecem. De um jeito ou de outro aparecem.

Um comentário:

Lory Ribeiro disse...

nossa... uma conhecida minha foi a bariloche a muito tempo atrás... Ela deve ter falado de várias coisas q ela achou legal lá, mas a única coisa q atraiu minha atenção e que nunca eskeci (ela deve ter me relatado isso a uns 5 anos) foi q era a terra do chocolate. Sou chocólatra, he,he e isso me impressionou bastante... mas agora, depois do q li de ti... já não tenho mais vontade de conhecer. Veja só o quanto eu considero a sua opinião! he,he. Bjocas.